sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Organização dos serviços de saúde


E aí, pessoal, acharam que já tinha acabado?
Hoje falaremos, por último, mas não menos importante, sobre a organização dos serviços de saúde.

Atualmente, o setor de saúde se encontra no setor mais amplo de prestação de serviços, de tal forma que a produção e o consumo de serviços em saúde se dá simultaneamente. Então, quando você procura um médico para examinar uma dor que você sente, sim, você está consumindo saúde. E mais ainda, não podemos negar que a produção de saúde, neste modelo, não está centrada somente na melhora da qualidade de vida geral da população, mas sim, também, por ser seguir a lógica de gestão empresarial, está centrada na busca do lucro e na diminuição dos gastos.

Além desta faceta, ora mais ou ora menos evidente nos serviços de saúde, estes se encontram, hoje em dia, num modelo denominado médico-hegemônico, no qual a organização do serviço é voltada à figura do médico e de seu trabalho, embora haja tentativas, como através da Estratégia Saúde da Família, de se equiparar mais horizontalmente a organização do serviço em seus prestadores interprofissionais, como tomada de decisões conjuntas entre equipe de enfermagem, médicos e agentes comunitários, em sua base, além de outros profissionais da saúde, como psicólogos, terapeutas ocupacionais, dentistas, fisioterapeutas, nutricionistas, etc.
 Esse modelo ainda foca prioritariamente nas tecnologias duras e leve-duras, como já conversamos em postagem anterior, deixando em detrimento as tecnologias leves, caracterizadas principalmente na relação médico-paciente.

Assim, a principal questão, na organização dos serviços de saúde é: como ofertar um serviço de qualidade de forma eficiente e sem oneração?

Bem, pensando na realidade brasileira, há alguns pontos quando se pensa, principalmente, em saúde pública:

  • Com planejamento e prevenção, muita verba pode ser economizada, ao evitar adoecimentos e complicações de condições clínicas. Pode-se investir em campanhas de conscientização, mutirões, rodas de conversa e terapias em grupo, de tal modo que são evitadas casos agudos e grande número de demandas espontâneas; reduz-se o número de consultas e os usuários ainda ficam mais satisfeitos.
  • O sistema deve se organizar de forma a suprir as demandas espontâneas, com infraestrutura para tal, porém priorizando as demandas programadas, mais uma vez de modo a evitar agudizações, danos e ônus do sistema. Para isso, é necessário planejamento, promoção e prevenção. Além de estruturar o sistema tendo como base a Atenção Primária para a resolução da grande maioria da demanda, que tem tais premissas e oferta cuidado longitudinal e continuado, e deixar para a Atenção Secundária, principalmente, os casos agudos, porém já havendo grande redução da demanda, uma vez que a Atenção Primária possui resolutividade de mais de 70% dos casos; e por fim somente as agudizações mais graves para a Atenção Terciária, que abrange os maiores gastos no sistema de saúde.
  • Centrar o serviço na pessoa e na família, de modo colaborativo, com respeito e dignidade, em vez de centrar na doença de modo prescritivo. Assim, o usuário fica muito mais satisfeito, ao participar da tomada de decisão sobre seu próprio corpo e sua própria vida e ser considerado como um ser humano inteiro, completo, com contexto e subjetividade, em vez de ser tratado como um objeto de intervenção. 
  • Sustentabilidade em saúde: o médico possui, quase exclusivamente no sistema de saúde, o poder prescritivo, e tal fato gera consequências importantíssimas para a organização do sistema de saúde e para a vida dos usuários. Informalmente, denominam isso de "Lei da Canetada do Médico". O serviço do médico, desde a hipótese diagnóstica, pedidos de exames complementares e plano terapêutico, deve sempre ser de modo mais racionalizado, a propor somente o necessário, e transparente possível, com participação do usuário a todo momento, afim de gerar menos intervenções possíveis em um momento que o usuário já se encontra, muitas vezes, mais fragilizado - além de oferecer acessibilidade, respeito e dignidade ao usuário, e ainda não causar prejuízos ao sistema.


Já, pensando em uma clínica privada, é necessário que se pense em sua organização levando em conta alguns pontos baseados na microgestão, em diretrizes clínicas:

  • Qualidade - focar em uma atenção na qualidade dos instrumentos e serviços oferecidos, centrada na pessoa e efetiva, baseada em estudos científicos, e não na tentativa e erro.
  • Eficiência - melhor custo/benefício em tudo.
  • Oportuna - com uma gestão do tempo adequada e resolutiva.
  • Segura - que não cause danos a ninguém.
  • Equitativa - de forma a diminuir desigualdades injustas e com atendimento humanizado.


Deu para elucidarem um pouquinho mais sobre a organização dos serviços em saúde?
Então por enquanto é só!


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