Hoje falaremos de uma tendência no processo organizacional como um todo, e mais recentemente na área de saúde aqui no Brasil.
Se trata do Lean Healthcare, ou traduzindo ao pé da letra, Sistema de Saúde enxuto.
A filosofia Lean começou nos anos 1940, no sistema de produção industrial, chegando à gestão de serviços no começou dos anos 1990 e, mais especificamente no processo de gestão em saúde, no âmbito hospitalar, somente 10 anos após sua entrada na gestão de serviços.
Sua filosofia se resume em 5 etapas:
- Identificar o valor
- Mapear o fluxo de valor
- Criar o fluxo
- Estabelecer a produção a partir da demanda do fluxo
- Buscar a perfeição.
Historicamente, os hospitais têm uma dificuldade em identificar que, na realidade, seus clientes, e portanto, a prioridade de satisfação, não são os gestores, os proprietários e nem os profissionais da saúde, mas sim os usuários. Logo, o valor é identificado a partir das necessidades do usuário do sistema de saúde.
Logo, para identificarmos o valor, podemos separar as variáveis do processo de produção em saúde em "Agrega valor", ou seja, é prioridade, "Não Agrega Valor", portanto pode ser otimizado, e ainda "Não agrega valor, mas é necessário", ou seja, variáveis importantes, que, entretanto, o usuário não julga como prioridade, porém é necessário mantê-los.
Alguns exemplos de desperdícios que podem ser otimizados no sistema de saúde são:
Superprodução, como monitorar excessivamente pacientes estáveis;
Defeitos, como erros de técnica e de dosagem de medicamentos;
Inventários desnecessários, como esperas prologadas de exames laboratoriais;
Processamentos inapropriados, como exames desnecessários;
Transportes excessivos, como arranjos físicos não otimizados, demandando transportes prolongados de usuários, exames, amostras, etc;
Movimentação excessiva, como a movimentação demasiada de profissionais pela organização não racionalizada do espaço de trabalho;
Esperas, como os tempos em que o usuário espera por atendimento, resultado, tratamento e alta hospitalar;
Re-priorização, como iniciar tarefas sendo que outras não estão concluídas, não otimizando trabalho;
Pouca utilização do talento das pessoas, ao utilizar os profissionais como operadores mecânicos, não especialistas nos processos.
Assim, tendo como base tal filosofia, criaram-se algumas ferramentas para colocar em prática a produção enxuta, dentre várias, o Programa 5S (BERTANI, 2012; RANDHAWA et al, 2017), que se define em:
Senso de seleção
Senso de ordenação
Senso de limpeza
Senso de bem-estar
Senso de disciplina
Estes 5 Sensos, muito presentes na cultura japonesa (país de origem da ferramenta), fazem com que haja uma priorização somente do necessário, otimizado pela infraestrutura organizada e simples, sem excessos desnecessários, e mantidos assim, através da disciplina de seus participantes.
Deste modo, o Lean Healthcare preconiza, de forma a tornar o trabalho muito mais eficaz, indentificar um valor, formular metas, identificar o fluxo de valor, classificar os desperdícios, desenhar um novo fluxo de valor, testar e redesenhar o sistema, implantar o sistema, analisar a interferência das ações tomadas frente as metas estabelecidas e, finalmente acompanhar continuamente as metas e os processos.
Mesmo que haja um estranhamento inicial, principalmente por parte dos servidores, a filosofia Lean, a longo prazo, melhora muito o processo produtivo, e a satisfação acaba por ser geral!
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